Devo primeiramente enaltecer a organização do Hate Fest pelo cumprimento do horário estipulado. Sempre achei que o apanágio de que "quem está, está, quem não está perdeu" é o mais correcto, e o cumprimento dos horários, só por si, mostra respeito pelos artistas que vão tocar e pelo público interessado no espectaculo, não o publico que apenas demonstra interesse em ir beber copos a algum lado. Abertura de portas às vinte e duas horas, começo do Fest às vinte e duas e trinta minutos. Devo tambem referir que o pavilhão onde se realizou o evento é espaçoso, tem apenas um ligeiro senão: a zona onde foi colocado o palco tem lateralmente uns enormes portões em chapa o que não abona muito na acústica. Mesmo assim no geral, durante a actuação das bandas, o som acabou por ser aceitável. A unica coisa que aponto como menos positiva relativamente ao som é que este esteve sempre demasiado alto para todas as bandas.
Mend Your Loss: O som nesta primeira banda não esteve grande coisa, principalmente nas duas primeiras musicas. Na terceira melhorou um pouco e deu para perceber que esta jovem banda de Leiria revela uns pormenores de death metal melódico interessantes, principalmente nas segunda e terceira musicas que tocaram, com umas malhas bastante melódicas nas guitarras fazendo lembrar um pouco algumas bandas do inicio dos anos 90 de death sueco ao estilo do death proveniente das bandas de Gothemburg. O publico, igualmente jovem, mostrou-se um pouco parado, ficando a ver no que dava aquilo. A ultima música é que era escusada já que não se encontrava acabada e nem letra tinha, embora entenda que tocando em casa quisessem ver a reacção do pessoal. Acabou por se tornar um pouco maçuda. Mais valia terem ensaiado e tocado uma "cover" qualquer. Mesmo assim foi positiva a actuação e é uma banda a seguir com interesse o seu crescimento.
Stigma Sphere: Os Stigma Sphere, vindos de Anadia, revelaram que já têm alguma rotação nas pernas apesar da sua formação ser recente, pois conseguiram empolgar a espaços o público.
O seu death metal ora musculado, ora com um groove saltitante, lá conseguiu puxar o público ora para head bangings bruscos, ora para um ensaio de uma mini "Wall of Death" e, pasme-se, para um comboiozinho bastante animado por quem nele participou. O som esteve bastante razoável durante este set. Momento alto do concerto, a cover de At The Gates.
Antichthon: Uma das razões que me levaram a Leiria, apoiá-los que eles merecem. Estes jovens praticantes de um black metal sinfónico possuem bastante qualidade musical e, se não se perderam pelo caminho, auguro-lhes um bom futuro no metal nacional. Foi pena alguns problemas tecnicos nomeadamente no inicio uma das guitarras não se ouvia e a voz do vocalista, estranhamente, ora desaparecia, ora soava alto e bom som e eu até conseguia perceber alguns versos. Fora isso foi bastante empolgante ver esta malta de Coimbra e constatar que se sentem cada vez mais à vontade em palco.
Darkside of Innocence: Devo confessar que se os Antichthon foram uma das razões, esta banda de Lisboa foi a principal razão que me levou a Leiria. Estava bastante curioso em os ouvir. Praticantes de um black metal melódico, pegaram no legado de Cradle of Filth e, a meu ver, continuaram do ponto onde o Dani Filth se começou a perder, embora devo acrescentar que não são uma cópia deles, pegam no legado e interpretam-no à sua maneira, embora compreenda que para alguns aquilo soe a "dejá vu", já que as influências primordiais são notórias. De referir ainda que os samples que estão presentes nunca sobressaiem na música, acompanham-na simplesmente. Do sitio onde me encontrava foi o melhor som das cinco bandas, embora uma das guitarras tambem se ouvisse baixo (ou nem se ouvisse) a espaços. Logo na primeira musica surgiu a primeira surpresa, uma das amigas que costumam acompanhar esta banda pelo país nas suas deslocações, fez o gosto ao micro e cantou com o vocalista. E como o fez!!! Com um vozeirão que não sei onde foi arranjar tanta força. A primeira pessoa de quem me lembrei para fazer comparações foi a Sofia, a ex-vocalista dos We Are The Damned, pequenina, com ar frágil, e quando abre a boca é o que se vê. Se por qualquer motivo o vocalista principal ficar doente e não puder actuar, já têm quem o substitua.
Outro aspecto curioso da actuação deles foi a interrupção desta por um elemento do bar, em que este entregou um papelinho ao vocalista para este anunciar ao público que as minis tinham descido para 50 centimos. Foi uma notícia benvinda para quem não tivesse que conduzir.
A actuação dos Darkside acabou com a música Bloody Mistress, uma excelente faixa que fica no ouvido.
No intervalo provei as tão apregoadas bifanas do Fest. Apesar de serem um pouco forretas no numero de fatias de carne, estas estavam muito bem temperadas ainda com um pouco de molho a encharcar o miolo do pão. Ficaram automaticamente perdoados por tal forretice.
Hate Disposal: A banda da casa e demonstraram-no com bastante empenho e fulgor. O público tambem aderiu em massa com crowd surfing e abanos furiosos de cabeça. Tiveram azar quando na segunda música uma corda resolveu saltar fora da guitarra de um dos guitarristas. Perdeu-se algum tempo e quebrou um pouco o andamento que vinham a dar. Houve uma troca de guitarras mesmo antes da cover "We Will Rise" dos Arch Enemy e, enquanto um dos guitarristas fazia afinações, o outro tocava um solo demonstrando um grande virtuosismo técnico. Ainda tocaram uma cover de Dimmu Borgir que levou o público ao rubro.
(esta review foi feito por Joao "Burzum" Osorio)
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